Hoje, 24 de junho, faz exatamente 01 (UM) ano...
Era uma segunda-feira, cheguei em casa por volta
das 15h, depois de almoçar na Rua Augusta sem me preocupar com horário de
voltar ao trabalho “dane-se a hora, dane-se tudo...”.
Eu tinha acabado de me demitir, então naquele
momento eu não tinha chefe, não tinha ninguém para prestar contas, a não ser
pra mim mesma.
Até pegar o metrô foi diferente, eu não estava
perdida em um turbilhão de pensamentos, cobranças ou no meu próprio barulho.
Então, pude observar as pessoas com outro olhar. Escutar música na volta? Não,
eu queria mesmo ouvir o mundo, ouvir o barulho do metrô, das ruas, das pessoas
e claro, ME OUVIR.
Logo mais chegaria em casa e não tinha a mínima
ideia do rumo que daria à minha vida profissional, a única certeza que eu tinha
era de que, por maior que fosse o medo que eu estava sentindo naquele momento, aquela
tinha sido a melhor decisão tomada.
Fazia 8 meses que eu tinha abrido mão de 5 anos trabalhados
em uma multinacional para aceitar ser contratada como PJ (gestora de uma marca
esportiva) em uma agência, ganhando o dobro. Ah como entrei empoderada, tão segura
de mim. Lembro de uma das entrevistas acontecer na hora do meu almoço e ao
mesmo tempo, almoço de 15 gringos que tinha ficado no local do evento com a
minha equipe (devidamente orientada). Tinha feito ótimos jobs no emprego
anterior e com excelentes feedbacks - não só das minhas superiores, como
também, de CEOs, vice-presidentes das marcas que tive a oportunidade de
trabalhar.
Fazia 8 meses que tinha passado a vivenciar um mundo
completamente diferente, o esporte/a corrida (até passei a tentar correr,
acredita? Rs). Tive oportunidades de conhecer pessoas incríveis, aprender muito
sobre o mundo dos atletas e triatletas, é incrivelmente admirável. Treinos,
ativações, pace, atletas, assessorias, podium, pacers, tipos de tênis, tecnologia
das roupas, USP (um dos locais que acontece o mundo do atletismo) e outros
termos passaram a fazer parte do meu dia-a-dia.
Todo novo emprego requer bastante da gente, porque
além da adaptação como um todo, requer provas consistentes da nossa própria capacidade,
não só pra nós mesmos, mas principalmente para quem nos contratou. E IRONMAN (prova
que reuni triatletas de todo o mundo com meta de nadar 3,8km, pedalar 180km e
correr 42km em até 17 horas) foi a principal prova, tipo aquela prova final do
ano do colégio ou da faculdade, sabe?
IRONMAN, foi sem dúvida uma das experiências mais
inesquecíveis para mim – ah como foi intenso (em amplo sentido). Foram 3 meses
de planejamento, 20 dias de preparo e 6 dias vivenciando, respirando aquela
atmosfera em Santa Catarina junto com outras 65 pessoas, que colocaram o
coração pra entregar um resultado no mínimo nota 10. No final nos emocionamos
demais, tinha sido muito cansativo, mas tudo saiu como nós queríamos e até
melhor.
Infelizmente voltei pra SP/pra casa doente. Começou
com uma tosse que evoluiu para falta de ar e vômitos. Várias idas aos prontos-socorros,
consultas médicas, remédios, antibióticos, exames e ninguém descobria o que era.
Depois passei a evacuar sangue – pra quem quase morreu devido complicações no
intestino, foi motivo de pânico. E pra piorar, nasceu um caroço na lateral do
corpo, próximo à axila.
Eu já tinha provado a minha capacidade pra mim
mesma e pra quem tinha me contratado. Eu precisava me cuidar, cuidar da minha
saúde, de mim/da minha vida, da minha família que na altura do campeonato, eu praticamente
era uma estranha.
Não estava mais sendo mãe, esposa, e nem mesmo Talita.
O corpo podia estar presente, mas minha mente não. Eu tinha o amor, carinho, apoio,
cuidado deles e o que eu tinha pra eles? Uma pessoa estressada, preocupada,
tensa, infeliz...
Por mais que eu tentava ser leve, estar presente, era um tanto em vão porque
eles me conheciam e muito.
Então,
voltando...
Hoje, 24 de junho, faz exatamente 01 (UM) ano que
me demiti pra cuidar de mim, da minha saúde, resgatar a Talita, a minha vida e
a claro, minha família.
Cheguei por volta das 15h, depois de almoçar na Augusta
sem me preocupar com a “Hora do Brasil”, depois de observar e ouvir o mundo e eu
mesma. Fui recebida pelo preto com um abraço maravilhoso – ele não sabia mais
como me ajudar, me mostrar como eu estava me perdendo de mim mesma e como eu
era capaz de fazer o mundo acontecer por conta própria.
Me sentei em frente ao computador, respirei fundo
e falei “agora é com você e você Talita”.
Eu não tinha ideia do que fazer, que percurso que
eu tomaria. Desde encerramento do Dona Mocinha, por mais que eu tinha incentivo
de todos os lados até então, eu mantive meu juramento que jamais iria empreender
novamente e olha eu ali voltando ao empreendedorismo.
VOLTEI, e decidi voltar utilizando meu nome @talitawatanabe_business e me questionei várias vezes “por que não
voltei antes?” Mas sei que nada acontece fora do tempo, né? Eu e o preto não
demos certo enquanto não era o momento de dar certo (post anterior). Até mesmo,
o empreendedorismo não deu certo na época do Dona Mocinha porque eu tinha muito
para amadurecer, vivenciar e aprender.
Essa semana estava devaneando e senti muito orgulho
em relação a tudo. De pensar que...
- que sai no final de junho e em dezembro a receita/o ganho foi equivalente à 1 ano todo trabalhado no formato CLT na multinacional.
- que sai da multinacional por insatisfação do salário e mal sabia que eu estava errada, dinheiro não traz satisfação e eu provei disso. Mas mesmo assim, a “satisfação salarial” que eu buscava de forma errada, viria trabalhando pra mim mesma e em menos de 3 meses depois.
- que agora 01 depois, estou no meio da mudança/do desenquadramento de MEI (micro empreendedor individual) para ME (micro empresa) – estamos crescendo, rs.
- que resgatei a Talita por inteiro, a Talita mulher, a pessoa Talita. Até realizei um sonho, coloquei prótese de silicone, rs
- que sou mãe por inteiro, todos os dias coloco minha filha na cama e sem contar que todos os cafés da manhã e jantares estou presente. Estamos em uma conexão tão incrível, tão linda
- que sou esposa e acabou o despejo de estresse em cima dele. Hoje treinamos juntos, trabalhamos juntos, somamos juntos e somos amantes um do outro como ninguém.
- que tenho vida social (apesar da quarentena, rs)
Medo? Continua, seja por tomar as decisões
erradas ou por não saber se terei salário no mês seguinte. Mas que em nenhum
momento o medo possa nos congelar e impedir que a gente siga derrubando os monstros
que surgem e alcancem o que a gente merece, até porque, o céu é o limite, né?
EM UMA DAS MANHÃS PERTINHO UMA DA OUTRA...
Pra concluir, vou compartilhar algo que fez muita diferença para mim e pra minha tomada de decisão
2 Comentários
Nossa me prendi na sua extoria e não parei de ler vc é tudo isso mesmo!grande vitoriosa e guerreira parabéns
ResponderExcluirParabéns Talita, e pode ter certeza que coisas muito maiores estão por vir. Estou aqui na torcida!!!
ResponderExcluir----10 anos de blog? U-A-U!! Já fui tentante, já estive gravidinha e hoje mamãe da Emily que já está com seus 9 anos.
--Já fomos Mamãe de Primeira Viagem 2010, já fomos Dona Mocinha. E hoje somos o que VOCÊ preferir.
--Seja bem vindx ao nosso mundo de muitos aprendizados e fique à vontade para comentar.